quinta-feira, 1 de abril de 2010

"Faça você mesmo valer a pena"

Foi no primario, foi na época do titanic também, a professora nos deu
uma redaçãozinha "O que você faria se estivesse num navio e ele
afundasse?" alguns escreveram, "Ah, não saberia o que fazer" outros:
"Ah, me afogaria certamente" Eu escrevi assim: " Me agarraria no que
fosse, num pedaço de madeira flutuando, num caixote, num mastro,
salva-vidas quem sabe, enfim no que fosse e tentaria sair vivo seja lá
como fosse..."

De fato foi o que fiz quando o barco afundou,
acho que é o que qualquer um faria, há mais o que fazer? me agarrei no
que apareceu, porém nada é tão firme e seguro e as ondas são altas e a
noite escura, esquecido na desolação do mar impetuoso e tentando
encontrar entre a neblina até onde meus olhos podem ver um meio de me
salvar, à esperar algum resgate inusitado me desespero, tento tirar
forças do meu amago para ainda ao menos ter esperança (que é o que
ainda pode me mover) de um dia pisar em terra firme, mas essas coisas
em que posso me agarrar apenas boiam sobre as espumas incertas à deriva
no desamparo do vento e da sorte, mal suportam o peso de meu corpo
cansado que vacila e ainda descrente espero o dia amanhecer, a brisa
bate no meu rosto acaricia meus cabelos, perpassa, me leva, era azul
aquele setembro... eu estava sentado entre suas pernas ela acariciava
meus cabelos, o tempo passava tão somente pacífico apasiguador , estava
submerso no mais abissal e indescritivel de todos sentimentos, nada
mais importaria senão permancer ali naquele silêncio mágico e
revelador, nunca imaginei que o amor fosse tão parecido com o fim.

Stéllio, o náufrago sem Wilson

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