segunda-feira, 14 de junho de 2010

A Porta ( ...Ou Prólogo para um EP inacabado)

(Musicado por Stéllio & The Balbus em 2010 o ano em que o sonho acabou...)

SATOR
AREPO
TENET
OPERA
ROTAS

A gravação desse poema musicado começou a um bom tempo atrás, três anos pra ser presciso; ( note a "entonação" provinciana dos R's )
Na época vivia num pequeno apocalipse, eram tardes incensoriais, invólucros e crisálidas de cristal nas nuvens de cada crepúsculo por detrás do morro misterioso... Me fragmentei em pedaços de seda dilacerada aos dentes do vento sombroso e desolado pra poder dizer o que eu via; Uma porta se abriu em minha testa numa manhã de um sonho premonitório de lá de dentro ou de lá de fora saiam mil iluminações siderais provindas de um pequeno big-bang, eram palavras mágicas...

Primeiramente foi sob a égide de Chave de fenda Da chuva de Abismo, meu projeto eletrônico e experimental, a desapareceu nos confins dos tempos com um cd que presentiei minha amiga ana, posteriormente aproveitei a versão salva para a introdução da primeira tentativa de produzir alguma coisa com The Balbus, acrescentei o toy-sinth, outra voz em reverse, um palíndromo mágico romano, que é a epígrafe dessa composição; também mais portas durante a parte que recito o poema. Um ano depois, devolta ao pequeno apocalipse, ressuscitei-a da única gravação que restou, pois não tinha o projeto salvo no pc, então usei a música como uma faixa e fui acrescentando mais outras over-dub; gravei o violão com a afinação que batizei de "qu(e)(a)drada" basicamente construída apartir da dissonancia entre quintas e décimas nonas, muitas microfonias e deelay's e atos de amor invisível entre violão, portas e escadas depois... O resultado final, foi a representação gráfica daquela fragmentação no vento dimensional que conviveu em meu amâgo esses anos todos; na segunda parte quando a porta se abre e a composição contorna notas distorcidas, ruidosas incluí vocais processados num EMS digital... nobodady... é como se tudo agora não fizesse mais sentido nenhum...

A Porta

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A porta
A porta torta
Aborta e fecha
(não há brecha)
Quando bato

Estou farto
De todo infausto
Do infarto falto que falo em falso
Que pisa em falso toda hora
Estou exausto
De tanto bater
De ter a porta cara
Que sempre aposta
Encosta em minha cara

A porta
O parto

O Quarto que sinto partindo
No relogio lógico
A porta
No porta-retratos portando passado
Como a própria porta solta
À própria sorte

A porta não tem dentes
A porta não tem batentes
Não tem trinco não tem chave
Não tem nome nem sobre nome
A porta não tem porta

Suporta
Suposta
Apenas morfa
A porta
Torta

Absurda e surda
Absorta nos mínimos detalhes
Mil erros e acertos
Abertos perto da porta

Porra
Abre essa bosta

Mas a pressa é inimiga da imperfeição

Não há ninguém para abrir a porta em que bato
Pois não há porta só há torta

Mas não importa
Se eu bato
eu a abro
Se eu a abro
Eu aparto







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Baixe: http://www.4shared.com/file/254043688/6306d547/A_porta___ou_prlogo_para_um_EP.html

Myspace de Stéllio and the balbus: http://www.myspace.com/stelliothebalbus

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